Morreu o jornalista e crítico literário Torcato Sepúlveda.
Muito do que sou o devo a ele. Foi meu editor durante anos. Com ele aprendi a conhecer autores em que nunca teria pegado se ele não me tivesse falado com entusiasmo sobre eles. Foi por causa dele que comecei a escrever sobre escritores e sobre livros.
As Ciberescritas, coluna que assino há mais de 10 anos semanalmente no jornal PÚBLICO, só existem por causa dele. Foram uma encomenda do Torcato para o suplemento que editava na altura com Tereza Coelho, o Leituras (já o expliquei aqui).
Depois ele foi embora do jornal PÚBLICO. Senti-me órfã. Mas quando editei o Mil Folhas (entre 2002 e 2007) consegui ter de novo o seu apoio. Torcato Sepúlveda voltou a fazer crítica de livros e entrevistas no PÚBLICO numa altura em que era freelancer e o Mil Folhas ficou melhor por causa disso. Depois ele voltou a ir embora para um novo projecto. Ficamos a perder. Mas outros ficaram a ganhar. Onde quer que estivesse escrevia sempre maravilhosamente bem.
Encontrei-o há semanas no lançamento da revista Ler. Estivemos a conversar sobre o que ele andava a fazer, sobre o que eu andava a fazer. O costume. A falar dos bons velhos tempos. Falou-me das dificuldades que sentia em fazer uma recensão ao “O Homem sem Qualidades” do Musil em dois mil caracteres. É claro, que fossem dois mil caracteres ou dez mil, escritos por Torcato eram sempre uma obra-prima.
Em Janeiro Torcato Sepúlveda deu uma entrevista ao programa Livros com Rum da Rádio Universitária do Minho que podem ouvir aqui 61-livros_com_rum-2008-01-10.mp3.
O Francisco José Viegas fez-lhe a melhor homenagem aqui.
Obrigada por tudo, Torcato. Até sempre.
Comentários Recentes